A marca portuguesa Blanky, que entrou no negócio dos chamados cobertores pesados, internacionalmente considerados os melhores para a saúde e para boas noites de sono, produzia na Ásia mas já encontrou fábrica em Portugal.
“Vivia em Londres e o stress acumulado do dia-a-dia provoca-me dores nas costas que não me deixavam dormir descansado. Precisava de uma solução que não passasse por comprimidos para dormir e foi então que, numa das minhas pesquisas, me cruzei com o cobertor pesado. Decidi experimentar e fiquei muito surpreendido e igualmente satisfeito: da noite para o dia, as minhas dores tinham desaparecido e eu comecei a dormir muito melhor.”
Foi a partir da sua experiência pessoal que Pedro Caseiro, juntamente com o seu ex-colega de curso e amigo de longa data Ricardo Parreira, ambos ligados à consultoria de gestão, decidiram criar a Blanky, marca de cobertores pesados (“weighted blankets”, como são denominados internacionalmente).
“Percebemos depois que o cobertor pesado já existia no ‘mass market’ em países como os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha e países nórdicos, mas que ainda estava fora do radar da Península Ibérica. Foi aí que detetámos uma oportunidade de mercado e decidimos avançar com a nossa própria marca”, revela Ricardo Parreira.
De facto, há pelo menos 15 anos que o cobertor pesado é utilizado para fins terapêuticos, por exemplo, no tratamento de condições como o autismo, transtorno obsessivo compulsivo e ansiedade.
Algodão e grãos de areia de vidro = efeito de massagem e relaxamento
Fabricados com algodão e grãos de areia de vidro, que proporcionam um efeito de massagem e relaxamento, os cobertores da Blanky começaram por ser produzidos na Ásia, pois Caseiro e Parreira não encontraram em Portugal uma têxtil com capacidade para produzir este produto em escala.
“Desde o início que trazer a produção do cobertor pesado – um produto têxtil inovador – era um dos objetivos da marca Blanky, que acaba de fechar uma parceria com a fábrica Leiper (especializada em têxteis do lar) para o fabrico do primeiro cobertor pesado ‘made in Portugal’”, anunciou a marca portuguesa, esta quinta-feira, 17 de dezembro, em comunicado.
Quando os fundadores do Blanky lançaram o desafio de produzir cobertores pesados à Leiper, “a resposta foi imediatamente positiva, ainda que não tivessem qualquer tipo de experiência neste tipo de têxtil”, ressalva Caseiro e Parreira.
“O nosso primeiro pensamento foi que se fábricas noutros países eram capazes de produzir um cobertor pesado, nós em Portugal também tínhamos que conseguir fazê-lo, por isso quisemos aprender mais sobre o processo de produção deste produto específico”, conta João Pereira, international business manager da Leiper.
Os sócios da Blanky confirmam, de resto, que, até há pouco tempo, os cobertores pesados eram apenas produzidos no mercado asiático, onde também começaram por ser fabricados os da marca portuguesa, “pois não existia qualquer unidade na Europa com ‘know-how’ e capacidade de produção” para desenvolver este têxtil.
“Trata-se de um produto que nunca sequer tínhamos visto em feiras especializadas do setor, por isso quando a marca nos desafiou, sentimos imediatamente que queríamos estar associados à produção de uma solução completamente inovadora no mercado têxtil, diversificando assim o portefólio do grupo”, explica João Pereira.
Disponível em países como os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha e países nórdicos,à Península Ibérica chegou apenas este ano, através da Blanky, garantem os seus fundadores.
Enchimento com um total de sete camadas
Em termos de processo de produção, a Leiper deparou-se com dois grandes desafios: “desde logo, na fase de enchimento dos cobertores pesados com os grãos de areia de vidro tratado (que são o que confere o tal peso adicional aos cobertores Blanky). Não só porque esta matéria-prima não era utilizada como enchimento noutros têxteis, sendo por isso completamente nova para a fábrica, mas também porque implicava que um procedimento que seria à partida totalmente automatizado na produção de um cobertor tradicional ou de um édredon, passasse a implicar uma componente muito mais manual”, detalha.
“Isto porque a distribuição da areia de vidro tem que ser necessariamente feita por um colaborador que a espalha uniformemente ao longo do cobertor”, explica Ricardo Parreira, responsável pela gestão da logística e produção do Blanky, acrescentando que “a marca esteve lado-a-lado com a Leiper na descoberta do processo de fabrico mais adequado, mostrando à fábrica portuguesa como é que os cobertores pesados eram produzidos no estrangeiro e identificando quais os procedimentos e equipamentos necessários”.
Concluída a fase de enchimento do cobertor Blanky, que tem no total sete camadas e é revestido de algodão puro, este segue para uma máquina que costura o seu padrão específico (losangos com 10×10 cm) e vai então parar às mãos de uma costureira, sendo que “é precisamente durante os acabamentos finais que surge o segundo grande desafio, devido ao peso extra do cobertor que dificulta o seu manuseamento”, sublinha.
De 4 a 15 quilos, entre 119 e 219 euros
“Um cobertor normal pesa no máximo três quilos, os nossos vão desde os 4 aos 15 quilos, por isso os acabamentos são mais difíceis de fazer e levam mais algum tempo”, esclarece Ricardo Parreira.
Atualmente, garante a Leiper, a têxtil de Guimarães “consegue produzir seis cobertores Blanky por dia, num mínimo de 120 unidades por mês”, admitindo que “o processo de produção não está ainda otimizado”, mas que “a expetativa é que num futuro próximo a eficiência da fábrica aumente e consigamos fazer crescer significativamente o número de médio de cobertores pesados por turno”, antecipa o fundador da Blanky.
Nascida em setembro passado, apresentando-se como a primeira marca ibérica de cobertores pesados com produção 100% nacional, “desde o início” que a Blanky quis “trazer a produção dos cobertores para Portugal”.
“Não só porque desta forma estamos a contribuir para acrescentar valor à economia do nosso país, mas também porque acreditamos que ter um produto ‘made in’ Portugal reforça o nosso posicionamento no mercado ibérico. Além disso, assim conseguimos estamos mais perto do processo de fabrico e fazer uma gestão mais eficiente dos stocks, bem como um melhor acompanhamento do próprio desenvolvimento do produto”, remata Ricardo Parreira.
Na sua loja online, a Blanky tem disponíveis cobertores para todos os perfis e pesos: com cinco, sete, nove e 11 quilos (individual), 13 e 15 quilos (casal) e quatro quilos (criança),uma vez que o peso do mesmo deve ser 10 a 15% do peso do utilizador. Os preços vão dos 119 aos 219 euros.
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